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A burguesia amolece. A boa burguesia também, quando levantar-te a saia e beijar-te as bocas todas do corpo é o que mais queria quando crescesse e é o que mais quero neste momento quando parar de crescer até ao fundo da terra. Que seja sob as oliveiras.
Não te vejo em qualquer chão, só no chão das azeitonas verdes pequeníssimas... que as outras árvores nem interesse me suscitam, porque lembrar-me de ti e da tua anca nua, lembrar-me de ti e das meninas nos teus olhos é ser amor em tesão e tesão todo no amor impossível. És tão diferente de tudo o que cresce e é centenário... e milenar, apenas milenar provavelmente, és então cabelo seguro, escorrido com a cesta por entre os piqueniques da minha família. A Gioconda da modernidade, a rapariga de pérola sem brinco e que fazia piqueniques sozinha.
Passaram milhões de segundos e escondo-me ainda de embaraço, mas guardo-te assim, sem mostrares uma ruga que seja. Por enquanto. É a beleza da eternidade. Não ficarmos iguais mas ficarmos sempre como imaginamos. Pode ser isso a eternidade. O meu sonho requere um prolongamento da memória. Também desejo esse dia de rugas. O dia em que possamos ser da mesma altura, e pode ser um Domingo... que eles fazem esse sentido de me deixar com a tua falta. E contente. E triste. No campo. A querer as oliveiras do Sul em ti. Pode ser isso a saudade.
Texto : Nuno F. Santos Cash
Foto : Estelle Valente
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